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Prof. Marcos Trindade Moreira


“A Astronomia, pela dignidade de seu objeto e pela perfeição de suas teorias, é o mais belo monumento ao espírito humano, o título mais nobre de sua inteligência”.

Pierre-Simon Laplace (1749 – 1827). Matemático, Astrônomo, Filósofo


“Aquele que ensina está sempre a aprender, é cotidianamente agraciado com o convívio reabastecedor dos jovens, é obrigado por dever do ofício a se atualizar, é contaminado pela esperança, é desafiado a ter fé e jamais pode esquecer, pela natural confiabilidade da juventude, que a boa vontade é o estado de espírito mais essencial à transformação do mundo”.

Letícia T. S. Parente, 1991. Educadora Química


“(...) As crianças têm necessidade de pão, do pão do corpo e do pão do espírito, mas necessitam ainda mais do teu olhar, da tua voz, do teu pensamento e da tua promessa. Precisam sentir que encontraram, em ti e na tua escola, a ressonância de falar a alguém que escute, de escrever a alguém que as leia ou as compreenda, de produzir alguma coisa de útil e de belo que é a expressão de tudo o que elas trazem de generoso e de superior...”.

Freinet, 1996


“Todo conhecimento começa num sonho. O conhecimento nada mais é que a aventura pelo mar desconhecido, em busca da terra sonhada. Mas sonhar é coisa que não se ensina. Brota das profundezas da terra. Como mestre só posso então lhe dizer uma coisa: conte-me seus sonhos para que sonhemos juntos”.

Rubem Alves


terça-feira, 23 de março de 2010

O Céu Noturno e a Poluição Luminosa

“A beleza e o significado das coisas estão muito mais
‘dentro’ do homem que nos objetos. Só desfrutamos a
beleza na medida em que nos conscientizamos dela”.
(Rodolpho Caniato (1929 – )

O céu é uma imensa obra de arte, uma gigantesca tela onde os povos antigos registraram seus mitos e suas crenças para transmiti-los às gerações futuras. Durante milênios, a mais democrática obra de arte da natureza permaneceu intacta: de morada dos deuses passou a panorama de sonhos e aventuras, sempre disponível a todos que quisessem estudá-la ou simplesmente contemplá-la. Durante milênios, o homem aprendeu nesse grande livro os mistérios do universo. Num grande salto de evolução, construímos máquinas que nos aproximaram do céu: telescópios, espectroscópios, naves espaciais... De espectadora dos anseios humanos, a grande tela passou a ser um caminho para outros mundos. Insaciáveis, empenhamo-nos em conquistar o espaço; porém, descuidamos de nosso maior patrimônio.

Figura 1 - A Via Láctea.

Não existe beleza comparável a uma noite estrelada. Há séculos, milênios, gerações de homens olhando as estrelas, investigam seus segredos. A contemplação do céu foi um dos motores da história da humanidade tal como a conhecemos. Fica uma pergunta que não quer calar: será que nossos filhos, netos e as gerações que estão por vir terão o mesmo direito de contemplar o céu noturno com sua infinita beleza? Infelizmente não! Com a modernidade, essa beleza tem desaparecido. Hoje, a maioria das crianças cresce sem conhecer o prazer de parar e observar as estrelas.

O privilégio de apreciar essa beleza está sendo alterado nas últimas décadas pela poluição luminosa. A luz que em aparência é algo limpo e bom, quando mal direcionada se converte em algo realmente nocivo ao meio ambiente, alterando de forma significativa o equilíbrio natural dos animais de vida noturna, poluindo a atmosfera e ainda, prejudicando a paisagem noturna, tornando invisíveis os objetos celestes mais belos, privando não só o estudo de astrônomos, bem como de todos aqueles que querem desfrutar a visão das estrelas.

Há muitos jovens cidadãos que nunca viram mais que meia dúzia de estrelas. Para esses jovens, o mundo é mais pobre. Não fazem ideia do que seja um céu estrelado. Não podem perceber o que são as constelações, nem como se identifica a “estrela polar” ou a constelação do “Cruzeiro do Sul”. Não conseguem perceber como os antigos detectaram a existência de planetas e o que são os “signos do zodíaco”. Para esses jovens e para muitos outros menos jovens, não é só o céu que é mais pobre. Para eles, há muitas referências culturais que não fazem sentido. Quando lêem “Os Lusíadas”, não podem perceber como se vê “de Cassiopeia a formosura” e “de Órion o gesto turbulento” ou a surpresa que é ver “as Ursas banharem-se nas águas”. Quando lêem Aquilino, não podem imaginar o que sejam as “Três Marias”. Quando ouvem falar “perder o norte”, não podem compreender que isso tenha algo a ver com as estrelas. Quando ouvem dizer que “Subaru” é a designação japonesa das “Plêiades”, essa curiosidade também nada lhes diz porque não poderão ver esse grupo de estrelas.

Figura 2 - Aglomerado aberto "As Plêiades".

Perder o contato com o céu é perder o contato com a natureza e com uma herança cultural que tem muitos milhares de anos. Em grande parte, trata-se de um fato inevitável, tal como é inevitável a cidade deixar de ouvir o despertar dos galos ou desconhecer o ciclo das colheitas. A culpa da perda de contato com o céu reside essencialmente na iluminação artificial que, nas grandes cidades, ofusca por completo quase todas as estrelas. Talvez surpreendentemente, quem mais sofre com isso não são os astrônomos, mas sim os cidadãos e o bolso dos contribuintes.

Os astrônomos são inimigos da poluição luminosa, como é natural. No entanto, aprenderam a lidar com o problema. Construíram observatórios em locais ermos e elevados, afastados das luzes das cidades e com condições de observação quase ideais. Construíram telescópios que não estão sobre a Terra e que, por isso, nem sequer sofrem com a atmosfera. O mais célebre destes é o telescópio espacial Hubble, mas há outros sistemas de observação situados em satélites. Muitos astrônomos efetuam muitas observações fora do seu país, em observatórios internacionais com condições privilegiadas. Deslocam-se ao Chile, ao Observatório Europeu do Sul, a Tenerife e aos radiotelescópios de Porto Rico ou da Austrália, dentre outros. Por vezes nem precisam se deslocar, pois recolhem os dados por sistemas remotos, pela Internet e via satélite.

Durante todo o século XX a astronomia observacional deslocou-se da vizinhança dos antigos centros urbanos para locais especialmente adaptados à observação. O mesmo não se passa com os astrônomos amadores, que realizam as suas observações em casa, num quintal ou em locais descampados, para onde se deslocam para as observações. Esses estão constantemente fugindo das luzes da cidade e tentando contornar os problemas que a poluição luminosa lhes cria. É uma luta constante, pois parece que as autarquias e os serviços públicos têm medo do escuro e estão sempre à procura de mais locais para instalarem luminárias e holofotes.

Há alguns anos, podia-se ir à praia, à noite. Hoje, muitas praias estão iluminadas por diversos holofotes. Se o problema continuar, será preciso dirigir dezenas de quilômetros só para poder vislumbrar meia dúzia de estrelas. Mas os astrônomos amadores, precisamente porque têm amor às observações do céu, acabam conseguindo contornar estes problemas. Usam proteções de luz e conseguem reduzir os efeitos da iluminação artificial usando filtros nos seus telescópios. Deslocam-se a sítios isolados, onde as condições de observação são melhores. Muitas vezes, juntam-se em acampamentos, as chamadas “astrofestas”, para partilharem o céu escuro em segurança.

Quem acaba sendo mais prejudicado com a poluição luminosa é o cidadão. Por um lado, porque perde contato com o firmamento; por outro, porque são os seus impostos que pagam o desperdício de luz. Por todas estas razões, em 1988, nos Estados Unidos, um grupo de astrônomos amadores e cidadãos inconformados decidiram enfrentar o problema e constituíram uma associação internacional para combater a poluição luminosa - a IDA, International Dark-Sky Association. Este grupo tem atualmente cerca de dez mil membros, espalhados por muitos países.

Conceito e Causas da Poluição Luminosa

A poluição luminosa é um problema ambiental sério e pouco conhecido, que pode ser definido como sendo qualquer efeito adverso causado ao meio ambiente pela luz artificial excessiva ou mal direcionada produzida pelo homem nos centros urbanos, que causa fulgor, prejudicando as condições de visibilidade do céu noturno. A poluição luminosa interfere nos ecossistemas, causa efeitos negativos à saúde, ilumina a atmosfera das cidades, reduz a visibilidade das estrelas e prejudica as observações astronômicas.

A causa está no formato das luminárias, que não costumam abrigar corretamente suas lâmpadas, e no ângulo de inclinação das mesmas. São os postes da iluminação das ruas, os das praças, em forma de globo esférico, os refletores das quadras de esportes, estacionamentos, canteiros de obras, clubes, aeroportos, etc. O desperdício é observado de modo marcante pela enorme “bolha luminosa” que cobre as grandes e médias cidades. Essa “luz extra” em nada contribui para a iluminação noturna útil, uma vez que a única luz que realmente importa é aquela dirigida para o solo.

Figura 3 – Poluição luminosa em grande cidade.

As luminárias mais utilizadas em iluminação pública são ineficientes e mal projetadas, deixam escapar grande parte da luz para o espaço, um fluxo de aproximadamente 40% é emitido horizontalmente e para cima, ou seja, se gasta energia para iluminar mal a rua e ainda poluir. A luz extra se reflete nas nuvens, em gotas de água e poeiras suspensas, e cria nas camadas atmosféricas um obstáculo à visibilidade do firmamento.

Figura 4 – Poluição luminosa em rodovia.

A iluminação pública é necessária, sobretudo por razões de conforto e segurança. Mas será mesmo necessário que todos os locais estejam intensamente iluminados? O ofuscamento direto pelas luminárias que espalham a luz em todas as direções é um dos grandes defeitos do sistema de iluminação. Os astrônomos amadores que se preocupam com o problema têm conseguido convencer os responsáveis a proteger algumas luminárias, de forma que estas apontem a luz apenas para o solo, onde ela pode ser útil.
Mas essas são situações localizadas e não é isso que habitualmente acontece. Há boa, má e péssima iluminação pública. Há luminárias que apontam para o solo e concentram a luz onde ela é necessária. Na maioria, contudo, apesar de apontarem para baixo, deixam escapar grande parte da luz para cima. E há ainda os globos completamente irracionais, que espalham a luz em todas as direções menos para baixo, pois o sistema de suporte não permite que as lâmpadas iluminem diretamente o que seria mais necessário. Calcula-se que, numa cidade, a energia global perdida por estes sistemas se situe entre os 20% e os 40%. Isto significa que os contribuintes estão pagando para se iluminar o céu!

A iluminação dos monumentos é outra fonte de problemas. Não é necessário nem racional que recebam luz durante toda a noite, nem tem qualquer sentido iluminá-los de baixo para cima, fazendo com que a luz seja projetada para o espaço. A luz que se envia para a atmosfera é responsável por uma poluição luminosa adicional. Ela se reflete nas nuvens, em gotículas de água e poeiras em suspensão e cria nas camadas atmosféricas uma barreira à visibilidade das estrelas. A luminosidade que se vê ao longe sobre as cidades torna-se um obstáculo à observação do firmamento. E trata-se de um obstáculo criado, em grande parte, pelo esbanjamento. A poluição luminosa é simultaneamente um desperdício dos recursos públicos, uma barreira à natureza e um ataque à nossa cultura. Se não lhe pusermos um fim, dentro em breve haverá jovens cidadãos que nunca verão uma estrela, e que julgarão que as estrelas do céu têm mesmo cinco pontas.


                                                                 

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