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Seja bem vindo ao Blog do Prof. Marcos! Ele está sendo criado e atualizado constantemente com todo o cuidado e esmero para que você possa aproveitar ao máximo a sua visita e se beneficiar dos conteúdos dos seus posts e demais seções. O layout do blog é bem simples o que facilita a visualização das seções e demais recursos.

Aqui são (serão) apresentados temas relativos às disciplinas de Química, Física, Matemática, Astronomia, Meio Ambiente e Educação. Os artigos sobre Metodologias de Ensino podem ser encontrados nas seções CULTURA CIENTÍFICA e REVISTAS CIENTÍFICAS, as quais são indicadas para professores e acadêmicos dos cursos de licenciatura. Entretanto, alunos do ensino médio que queiram se aperfeiçoar em seus estudos, também poderão acessar esses artigos.

Se você é estudante do ensino básico (fundamental ou médio), além das demais seções do blog, também poderá acessar as SIMULAÇÕES DE ASTRONOMIA, SIMULAÇÕES DE QUÍMICA, JOGOS DE QUÍMICA, JOGOS ON-LINE (lógica, raciocínio, matemática, etc.) e aprender se divertindo. Lembre-se de que a sua participação aqui no blog é muito importante para mim! Assim, se você quiser ou achar necessário, poderá postar COMENTÁRIOS nos vários temas publicados.

OBSERVAÇÃO:

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E agora, um grande abraço meu e ótimo proveito! Vamos ao blog?

Prof. Marcos Trindade Moreira


“A Astronomia, pela dignidade de seu objeto e pela perfeição de suas teorias, é o mais belo monumento ao espírito humano, o título mais nobre de sua inteligência”.

Pierre-Simon Laplace (1749 – 1827). Matemático, Astrônomo, Filósofo


“Aquele que ensina está sempre a aprender, é cotidianamente agraciado com o convívio reabastecedor dos jovens, é obrigado por dever do ofício a se atualizar, é contaminado pela esperança, é desafiado a ter fé e jamais pode esquecer, pela natural confiabilidade da juventude, que a boa vontade é o estado de espírito mais essencial à transformação do mundo”.

Letícia T. S. Parente, 1991. Educadora Química


“(...) As crianças têm necessidade de pão, do pão do corpo e do pão do espírito, mas necessitam ainda mais do teu olhar, da tua voz, do teu pensamento e da tua promessa. Precisam sentir que encontraram, em ti e na tua escola, a ressonância de falar a alguém que escute, de escrever a alguém que as leia ou as compreenda, de produzir alguma coisa de útil e de belo que é a expressão de tudo o que elas trazem de generoso e de superior...”.

Freinet, 1996


“Todo conhecimento começa num sonho. O conhecimento nada mais é que a aventura pelo mar desconhecido, em busca da terra sonhada. Mas sonhar é coisa que não se ensina. Brota das profundezas da terra. Como mestre só posso então lhe dizer uma coisa: conte-me seus sonhos para que sonhemos juntos”.

Rubem Alves


domingo, 22 de agosto de 2010

O Sistema Solar em 30 Megapixels



O artista francês Licoti criou uma impressionante ilustração do sistema solar com 30.000 pixels de largura e 1.000 pixels de altura. Acima, você confere um mínimo trecho da imagem. No vídeo a seguir, podemos observar toda a imagem. 




O vídeo acima mostra uma ilustração artística e está fora de escala, tanto na distância entre os corpos, como nos próprios tamanhos dos planetas, satélites, o Sol... Tem até a estação espacial de 2001, AhAhAh. Se estivesse na escala correta, quase toda a imagem seria muito vazia.
Mesmo assim, o conjunto apresentado é bastante bonito e vale à pena ser visto.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

CHUVA DE METEOROS PERSEIDAS - 11 A 14 DE AGOSTO - NÃO PERCAM



Se você gosta de ver as chamadas "ESTRELAS CADENTES", aproveite este mês de Agosto, entre os dias 11 a 14, para olhar o céu noturno e observar a mais famosa chuva de meteoros: Perseídeos (ou Perseidas). Desde já, assista um vídeo muito legal sobre o assunto:


Nestas noites de agosto, você poderá ver uma das mais populares CHUVAS DE METEOROS da Terra. Ela é conhecida como PERSEIDAS ou PERSEÍDEOS e se forma graças ao COMETA SWIFT-TUTTLE 1862III, que apresenta periodicidade de 120 anos. Esta chuva de meteoros, também conhecida como chuva de estrelas cadentes, acontece todos os anos porque, nesta época, o planeta Terra atravessa um rastro (enxame) de meteoroides deixado pela passagem do referido cometa ao longo da sua órbita. Este rastro é constituído de pequenos pedaços do cometa que se desprendem quando ele passa perto do Sol.

As chuvas de meteoros recebem os nomes das constelações que “aparentemente” as originam; daí os nomes Taurídeos, Leonídeos, Orionídeos, Geminídeos, etc. A chuva Perseídeos (ou Perseidas), observável de 20 de Julho a 19 de Agosto, é a mais famosa, cujo período de atividade máxima chega a 3 ou 4 dias, com maior frequência entre os dias 10 e 12 de Agosto (aproximadamente).

Figura 1 – Chuva de meteoros Perseídeos.

COMO OBSERVAR OS METEOROS PERSEIDAS

Esta chuva de meteoros pode ser observada todos os anos começando em 20 de Julho e tendo uma maior atividade entre os dias 8 e 14 de Agosto. O melhor dia para ver a chuva é o dia 12. A quantidade de estrelas cadentes observadas no céu pode chegar a 60 ou 80 por hora; mais de 1 meteoro por minuto.

Para os habitantes do hemisfério norte, o RADIANTE da chuva (ponto do céu de onde os meteoros “parecem” surgir), localizado entre as constelações de Perseu e Cassiopeia, estará bem alto a nordeste. Por isso os meteoros poderão aparecer em todas as partes do céu a um ritmo de cerca de um por minuto, quando visto por um único observador. Para os habitantes do hemisfério sul, o radiante estará bem baixo, logo acima do horizonte norte, entre 2h30min e 4h30min da madrugada e o número de meteoros que poderão ser avistados será menor que o previsto.  

Figura 2 – Radiante dos meteoros Perseídeos,
como é observado no hemisfério norte.

Os melhores lugares do Brasil para ver esta chuva de estrelas cadentes ou chuva de meteoros são os estados mais próximos do Hemisfério Norte, no caso os estados do nordeste e do norte.

A melhor forma de observar os meteoros é em uma noite de céu limpo e sem lua, em um local afastado de grandes cidades já que o céu fica mais escuro devido à falta de luminosidade. Procure um local com a maior área de céu visível possível. Traga alguns agasalhos, deite-se no chão com uma manta ou uma toalha, ou sente-se numa cadeira confortável, e observe as estrelas. Tenha cuidado com os mosquitos.

Seja paciente e dê aos seus olhos tempo suficiente para se adaptar à escuridão. A direção para onde se deve olhar não é necessariamente a da constelação de Perseu, mas na qual o seu céu é o mais escuro, provavelmente para cima, perto do zênite. A atividade dessas estrelas cadentes começa lentamente ao anoitecer, aumentando muito por volta das 23h e com uma maior frequência 2 horas antes do amanhecer.

DIFERENÇAS ENTRE METEORO, METEORITO E METEOROIDE

A terminologia para designar esses corpos celestes, que muitas pessoas confundem, deve ser entendida assim:
METEORO – é o fenômeno luminoso observado no céu;
METEORITO – é a partícula ou o fragmento que consegue atingir o solo;
METEOROIDE – é o mesmo fragmento quando situado no espaço, antes de ser atraído pela Terra.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Nosso Sol acordou com mau humor


Figura 1 – Atividade solar intensa registrada dia 01 de Agosto/2010.

Após uma hibernação profunda, parece que finalmente o Sol está acordando. Alternando ciclos de mínimo e máximo de atividade a cada 11 anos, o Sol não fica longos períodos sem dar sinais de vida.

Normalmente, é possível ver uma mancha solar, detectar uma tempestade ou uma ejeção de massa coronal nem que seja só de vez em quando. Mas nesse último período de mínimo solar, que acabou no ano passado, meses se passaram sem nenhuma atividade.

Agora o Sol dá sinais de estar emergindo de um dos mais profundos períodos de baixa atividade registrados nos últimos cem anos. E parece que ele surge de mau humor.
No primeiro dia de agosto, foi registrada atividade solar das mais complexas, com pelo menos três eventos distintos. Ainda que não sejam dos eventos mais energéticos, classificados como classe C3 (entre intensidade fraca e média), foi a complexidade deles que chamou a atenção dos pesquisadores.

Inicialmente havia uma mancha solar (a de número 1092), já visível há alguns dias e tudo parecia calmo. No começo da manhã, essa mancha inocente detonou uma explosão que foi detectada pelos satélites que monitoram o Sol. Alguns minutos depois, um enorme filamento magnético se desprendeu do Sol no seu hemisfério norte. Mesmo estando separados por uma distância de 400.000 km a explosão e o filamento parecem estar conectados pelo campo magnético da estrela.

Figura 2 - Mancha solar nº 1092.

Figura 3 - Um filamento magnético eleva-se acima da superfície solar nesta imagem obtida em 24 de Julho de 2010 pelo instrumento Atmospheric Imaging Assembly (AIA), a bordo do Solar Dynamics Observatory (SDO), através do canal de 171 Å (Fe IX). Crédito: SDO(NASA)/AIA consortium/.

O Solar Dynamics Observatory continua produzindo fabulosas imagens da atividade fervilhante da atmosfera solar. Ontem observou uma série de espetaculares filamentos magnéticos na coroa solar, incluindo este da figura acima. Elevando-se a dezenas de milhares de quilômetros acima da superfície do Sol, a estrutura tubular desse filamento reúne em si milhões de toneladas de plasma denso e relativamente frio. Os investigadores têm estudado em pormenor estas estruturas de forma a determinar o seu efeito na atmosfera solar circundante.

Figura 4 - A explosão solar (flare C3) e o filamento magnético.

Além da explosão e o filamento, houve a propagação de uma onda de choque, um verdadeiro tsunami, partindo justamente do local da explosão e se propagando na direção de onde saiu o filamento. Esse fato deve ter colaborado para a sua ejeção. Esse fenômeno com massa coronal, simplesmente um pedaço do Sol lançado ao espaço, também foi detectado.

Figura 5 - Imagem registrada pelo satélite SDO (Observatório de Dinâmica Solar) no dia 1 de agosto de 2010. A cena mostra a gigantesca área de turbulência, vista na região esquerda inferior da imagem. A tormenta produziu um flare solar de classe C3 e ejetou parte do material da coroa solar em direção à Terra.

O pedaço foi arremessado na direção da Terra e é esperada alguma atividade geomagnética como auroras nas regiões de alta latitude no planeta, quando a massa de gás atingir o campo magnético terrestre.

Figura 6 - Imagem fantástica de uma proeminência no Sol, obtida em 28/07/2010 por David Evans, um astrônomo amador do Reino Unido. Na foto, uma imagem da Terra para comparação dos tamanhos.

Figura 7 – Aurora polar.


Enfim, o Sol vai mostrando que se lembrou de acordar. Esse atraso todo em voltar à atividade vinha preocupando os físicos solares e todos querem saber quais os efeitos que esse mínimo pronunciado terá no clima da Terra.

Disponível em: http://gaea-horus.blogspot.com/
Acesso em: 04.08.2010.

sexta-feira, 30 de julho de 2010

IMAGENS SIMULADAS DA CONJUNÇÃO PLANETÁRIA DOS PRÓXIMOS DIAS 11 A 13 DE AGOSTO

A seguir, apresento imagens simuladas da CONJUNÇÃO dos planetas MERCÚRIO, VÊNUS, MARTE e SATURNO, com a LUA, positivamente um FENÔMENO ASTRONÔMICO BEM RARO, previsto para os dias 11, 12 e 13 de Agosto. Obtive essas imagens no blog "Física na Veia", do professor Dulcidio Braz Júnior. Vamos torcer para que o céu noturno esteja bem limpo, sem nuvens, nesses dias...


NO DIA 11 DE AGOSTO:


NO DIA 12 DE AGOSTO:


NO DIA 13 DE AGOSTO:


NÃO PERCA ESTA OPORTUNIDADE!

terça-feira, 27 de julho de 2010

BELÍSSIMA CONJUNÇÃO DE PLANETAS COM A LUA - NAO PERCAM!


Olá meus amigos!


Convido vocês para observarem uma rara e extraordinária conjunção planetária, juntamente com a Lua.
Nos próximos dias 11, 12 e 13 de agosto de 2010, teremos uma belíssima e interessante conjunção astronômica, popularmente conhecida por "alinhamento de planetas".


Este fenômeno astronômico possibilita que um habitante terrestre observe alguns astros do Sistema Solar numa mesma região do céu, visualmente próximos entre si. Na conjunção de 11 a 13 de agosto, observaremos a LUA e os planetas MARTE, VÊNUS, MERCÚRIO e SATURNO aparentemente JUNTOS no céu, acima do horizonte OESTE, após o pôr do Sol.

Mesmo sem nenhum instrumento astronômico vocês poderão identificar e observar estes astros nessa região do céu. Claro que se tiverem binóculo, telescópio ou luneta, então poderão usar o instrumento para ver a Lua e os Planetas, todos próximos entre si.

É importante saber:

1) Procurem observar o fenômeno de um local onde não tenha iluminação artificial de ruas, avenidas, praças ou edifícios na direção dos astros da conjunção;

2) Um bom binóculo (preferentemente do tipo “prismático”) proporcionará uma visão espetacular da conjunção Lua + Planetas.

As escolas poderão entrar em contato com Clubes de Astronomia, Observatórios ou Planetários mais próximos a fim de buscar auxílio para a localização ou mesmo observação desses astros celestes através dos telescópios deles. Com certeza, vocês irão gostar muito! Será uma visão inesquecível! Não percam!


Abraços do professor Marcos.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

ECLIPSE SOLAR TOTAL ESCURECEU A ILHA DE PÁSCOA!



A enigmática Ilha de Páscoa foi completamente obscurecida neste domingo (11 de Julho de 2010) por mais de quatro minutos, durante um eclipse solar total, o sétimo no século XXI, que deixou anteriormente a Polinésia Francesa e as Ilhas Cook na sombra e na penumbra.


Vejam mais informações na minha rede:

domingo, 9 de maio de 2010

Mensagem de Walt Disney!


E assim, depois de muito esperar, num dia como outro qualquer, decidi triunfar...
Decidi não esperar as oportunidades e sim, eu mesmo buscá-las.
Decidi ver cada problema como uma oportunidade de encontrar uma solução.
Decidi ver cada deserto como uma possibilidade de encontrar um oásis.
Decidi ver cada noite como um mistério a resolver.
Decidi ver cada dia como uma nova oportunidade de ser feliz.
Naquele dia descobri, que meu único rival não era mais que minhas próprias limitações e que enfrentá-las era a única e melhor forma de as superar.
Naquele dia, descobri que eu não era o melhor e que talvez eu nunca tivesse sido.
Deixei de me importar com quem ganha ou perde.
Agora me importa simplesmente saber melhor o que fazer.
Aprendi que o difícil não é chegar lá em cima, e sim deixar de subir.
Aprendi que o melhor triunfo é poder chamar alguém de "amigo".
Descobri que o amor é mais que um simples estado de enamoramento, o "amor" é uma filosofia de vida.
Naquele dia, deixei de ser um reflexo dos meus escassos triunfos passados e passei a ser uma tênue luz no presente.
Aprendi que de nada serve ser luz se não iluminar o caminho dos demais.
Naquele dia, decidi trocar tantas coisas...
Naquele dia, aprendi que os sonhos existem para tornar-se realidade.
E desde aquele dia já não durmo para descansar... Simplesmente durmo para sonhar.

(Walt Disney).

sábado, 1 de maio de 2010

EM BUSCA DA ALEGRIA NA ESCOLA

EM BUSCA DA ALEGRIA NA ESCOLA
(Sobre o pensamento de Georges Snyders)

Para o aluno ser feliz na escola, para que esta lhe seja significativa, tenha sentido, dê respostas às suas indagações, a escola deve partir da cultura dos alunos, de sua experiência imediata, pois ela já contém elementos válidos e, a partir daí, realizar a ruptura, apresentando-lhe a cultura elaborada, o conhecimento escolar, que o auxiliará a ver de forma diferente, ampliada, crítica, o que já se pressentia em sua experiência de forma assistemática, não acabada, plena. Ao realizar este movimento, o aluno terá alegria presente, alegria que o forma e transforma, pois possibilita a compreensão da realidade e lhe dá impulso para agir.


A alegria conceituada por Snyders não é uma alegria qualquer, um estado de graça, um descomprometimento, um afastamento da realidade e de seus problemas. É a alegria de compreender, de sentir, descobrir a realidade, de poder decifrá-la e sobre ela atuar, de romper com as inseguranças e incertezas, buscar a plenitude, as formas mais acabadas seja nas artes, nas técnicas, na ciência, etc.
 

A alegria que Snyders tem em mente é a busca da originalidade, da criatividade, da auto-superação e crescimento constante das potencialidades dos indivíduos, da supressão (ou pelos menos sua diminuição) das inseguranças, do medo e incertezas. É a alegria de saber, de conhecer e poder escolher criticamente as diversas possibilidades oferecidas pela realidade. É o conceito de humanização do homem da filosofia marxista, ou seja, o pleno desenvolvimento das potencialidades humanas. E esta alegria cultural está profundamente relacionada com a transformação da sociedade. 



sexta-feira, 30 de abril de 2010

22 de Abril - O DIA DA TERRA

DIA DA TERRA 2010: A GERAÇÃO VERDE E O VELHO "NOVO PARADIGMA"

Valdecir Miranda Barbosa


“O 40º aniversário do Dia da Terra em 2010 será reconhecido por futuras gerações como um ponto de giro do mundo, e por um deslocamento para a sustentabilidade global simbolizada pelo nascimento da Geração Verde”.

(Earth Day Network: 2009)


Uma Breve História do Dia da Terra

O Dia da Terra, 22 de abril de 1970, foi o nascimento do moderno movimento ambientalista nos Estados Unidos. O fundador Gaylord Nelson, em seguida, um senador de Wisconsin, recorda a sua motivação para propor o primeiro protesto ambiental nacional: “O objetivo era o de organizar uma manifestação nacional de preocupação para o meio ambiente tão grande que agitasse o estabelecimento político e vigorasse este tema na agenda nacional.” Foi uma aposta, mas funcionou.

Em 22 de abril de 1970, 20 milhões de americanos saíram para as ruas, parques e auditórios para demonstrarem sua simpatia em nome de um ambiente saudável e sustentável. O primeiro Dia da Terra levou à criação da Environmental Protection Agency (EPA) – Agência de Proteção Ambiental na tradução livre – e a passagem de vários diplomas legais de cunho ambiental importantes nos EUA, com o Clean Air Act, a Clean Water Act e o Endangered Species Act.


Em 1990, Dia da Terra foi global, com 200 milhões de pessoas de 141 nações participantes. Milhares de atividades tiveram lugar no mundo, incluindo exposições, plantações de árvores, Feiras da Terra, limpeza de rios, e eventos culturais patrocinados pelo governo e iniciativa privada. Este popular internacional de preocupação com o meio ambiente elevou o status das questões ambientais em todo o mundo e levou alguns governos a criação de agências de proteção ambiental.


Este ano, a data marcou o inicio da campanha bienal The Green Generation (A Geração Verde, na tradução livre), que culminará com o 40º aniversário de sua comemoração em 2010. A campanha defende os princípios de um futuro livre de carbono baseado na energia renovável; uma autorização individual ao consumo responsável; e a criação de uma nova economia verde que ajude povos saírem da pobreza.


O Novo Paradigma

Paradigma (do grego Parádeigma) literalmente modelo, é a representação de um padrão a ser seguido. É um pressuposto filosófico, matriz, ou seja, uma teoria, um conhecimento que origina o estudo de um campo científico; uma realização científica com métodos e valores que são concebidos como modelo; uma referência inicial como base de modelo para estudos e pesquisas (Wikipédia).


Esta campanha, que é promovida pela Earth Day Network (EDN) – Rede do Dia da Terra na tradução livre, organização que promove a ação ambiental progressiva do ano e a cidadania no mundo inteiro -, propõe uma mudança de paradigma, pois segundo Lambert, et al. (2008), “[..] enfatiza a qualidade em vez da quantidade, a regeneração – de indivíduos, comunidades e ecossistemas -, em vez do acúmulo de riqueza ou de materiais”. Este “impasse” me remete à questão levantada pelo jornalista e professor de comunicação, Fernando Pachi, em matéria publicada pela revista Scientific American Brasil, edição especial nº 19 de 2007, referindo-se ao quanto nós estamos dispostos a mudar, para garantir o futuro do planeta e das próximas gerações?


Como o desenvolvimento tecnológico e o atual conhecimento científico, hoje já é possível ter acesso a relatórios que retratam o impacto humano no meio ambiente, cada vez mais detalhados e com índices menores de incertezas, os quais, desde os primeiros já alertam sobre o modo insustentável o qual tomamos rumo. Para o cientista político e diretor do site O Eco, Sérgio Abraches, também em matéria publicada pela Scientific American Brasil, edição especial nº 19 de 2007, “hoje, só há dois caminhos para as sociedades humanas: adotar políticas conscientes e deliberadas para a máxima mitigação possível das emissões de gases de efeito estufa e para a adaptação necessária ao aquecimento global, ou enfrentar suas consequências irrefreadas e progressivamente mais forte no futuro breve”.


Na Prática


Segundo o jornalista especializado em divulgação científica, mestre e doutor em ciências pela Universidade de São Paulo e editor da Scientific American Brasil, Ulisses Capozzoli, “a cesta de medidas ajustadas ao perfil brasileiro de emissões de carbono é de menor custo, não representa sacrifício do crescimento da economia ou do bem-estar”, além, de criar oportunidades para o desenvolvimento local, como os mercados de carbono, serviços de ecossistemas, e a agricultura familiar, mesmo porque, “grande parte das coisas que o Brasil precisa fazer para se tornar uma sociedade de baixo carbono, ele deveria fazer de qualquer forma, mesmo na ausência da ameaça climática”, enfatiza Capozzoli.


É verdade que a maior responsabilidade pela redução do carbono no Brasil, de acordo com Capozzoli, “[…] é do governo federal, em função do poder regulatório muito concentrado na União”. No entanto, isto não nos exclui da responsabilidade, enquanto consumidores cidadãos, de nos esforçarmos para reconhecer, segundo o Instituto Akatu, “a relação direta de cada indivíduo com o coletivo e as gerações futuras”, legitimando assim o estado de direito, “ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum e essencial à sadia qualidade de vida”, previsto pela Constituição Federal, Capítulo IV, Art. 225. Mesmo porque, independente de posição geográfica, etnia ou classe social, somos todos um só planeta.


Ora, se a mudança está dentro de cada um, então, é provável que a melhor maneira de prever o futuro, seja mesmo criar.


Referências Bibliográficas


ABRACHES, S. O PAPEL DO GOVERNO. Cuidar do clima global É CUIDAR DO BRASIL. Revista Scientific American Brasil, edição especial nº 19. São Paulo: Duetto. 2007, p.590.

BLANC, C. CONSUMO CONSCIENTE – Comprar está longe de ser uma ação inocente. Revista Aquecimento Global, nº 3. São Paulo: OnLine, 2008, p. 18, 19.

CAPOZOLLI, U. Resumo/Brasil de Baixo Carbono. Revista Scientific American Brasil, edição especial nº 19. São Paulo: Duetto. 2007, p.60.

EDN. A Brief History of Earth Day, Earth Day In Brief. Organizer’s Guide for Earth Day 2007. Washington, DC: Earth Day Network, 2007. p 1. Disponível em: http://www.scribd.com/full/16976716?access_key=key-h71481iq6mwpjjjcjgq. Acesso em: 17/02/2009.

EDN. EARTH DAY 2009: THE GREEN GENERATION. Disponível em: http://www.earthday.net/earthday2009. Acesso em: 17/02/2009.

LAMBERT, H.; et. al.. VIDA ALTERNATIVA – Economia verde. Revista Aquecimento Global, nº 4. São Paulo: On-Line, 2008, p. 15.

PACHI, F. O PAPEL DO CIDADÃO – O que você está DISPOSTO A MUDAR? Revista Scientific American Brasil, edição especial nº 19. São Paulo: Duetto. 2007, p.41.

Wikipédia. Paradigma. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Paradigma. Acesso em: 25/08/2009.

quinta-feira, 29 de abril de 2010

A CARTA DA TERRA


“A Terra é a nossa casa, nossa origem. Nosso tipo de vida surgiu e evoluiu aqui. A espécie humana está amadurecendo aqui. É neste mundo que desenvolvemos a nossa paixão em explorar o Cosmos, e é aqui que estamos, com alguns pesares e nenhuma garantia, elaborando o nosso destino. Bem-vindos ao planeta Terra, lugar de céus azuis de nitrogênio, oceanos de água líquida, tépidas florestas e prados macios, um mundo positivamente borbulhante de vida”.

Carl Sagan; Livro “Cosmos”, 1986


PREÂMBULO

Estamos diante de um momento crítico na história da Terra, numa época em que a humanidade deve escolher o seu futuro. À medida que o mundo torna-se cada vez mais interdependente e frágil, o futuro reserva, ao mesmo tempo, grande perigo e grande esperança. Para seguir adiante, devemos reconhecer que, no meio de uma magnífica diversidade de culturas e formas de vida, somos uma família humana e uma comunidade terrestre com um destino comum. Devemos nos juntar para gerar uma sociedade sustentável global fundada no respeito pela natureza, nos direitos humanos universais, na justiça econômica e numa cultura da paz. Para chegar a este propósito, é imperativo que nós, os povos da Terra, declaremos nossa responsabilidade uns para com os outros, com a grande comunidade de vida e com as futuras gerações.

TERRA, NOSSO LAR

A humanidade é parte de um vasto universo em evolução. A Terra, nosso lar, é viva como uma comunidade de vida incomparável. As forças da natureza fazem da existência uma aventura exigente e incerta, mas a Terra providenciou as condições essenciais para a evolução da vida. A capacidade de recuperação da comunidade de vida e o bem-estar da humanidade dependem da preservação de uma biosfera saudável com todos seus sistemas ecológicos, uma rica variedade de plantas e animais, solos férteis, águas puras e ar limpo. O meio ambiente global com seus recursos finitos é uma preocupação comum de todos os povos. A proteção da vitalidade, diversidade e beleza da Terra é um dever sagrado.

A SITUAÇÃO GLOBAL

Os padrões dominantes de produção e consumo estão causando devastação ambiental, esgotamento dos recursos e uma massiva extinção de espécies. Comunidades estão sendo arruinadas. Os benefícios do desenvolvimento não estão sendo divididos eqüitativamente e a diferença entre ricos e pobres está aumentando. A injustiça, a pobreza, a ignorância e os conflitos violentos têm aumentado e são causas de grande sofrimento. O crescimento sem precedentes da população humana tem sobrecarregado os sistemas ecológico e social. As bases da segurança global estão ameaçadas. Essas tendências são perigosas, mas não inevitáveis.

DESAFIOS FUTUROS

A escolha é nossa: formar uma aliança global para cuidar da Terra e uns dos outros ou arriscar a nossa destruição e a da diversidade da vida. São necessárias mudanças fundamentais em nossos valores, instituições e modos de vida. Devemos entender que, quando as necessidades básicas forem supridas, o desenvolvimento humano será primariamente voltado a ser mais e não a ter mais. Temos o conhecimento e a tecnologia necessários para abastecer a todos e reduzir nossos impactos no meio ambiente. O surgimento de uma sociedade civil global está criando novas oportunidades para construir um mundo democrático e humano. Nossos desafios ambientais, econômicos, políticos, sociais e espirituais estão interligados e juntos podemos forjar soluções inclusivas.

RESPONSABILIDADE UNIVERSAL

Para realizar estas aspirações, devemos decidir viver com um sentido de responsabilidade universal, identificando-nos com a comunidade terrestre como um todo, bem como com nossas comunidades locais. Somos, ao mesmo tempo, cidadãos de nações diferentes e de um mundo no qual as dimensões local e global estão ligadas. Cada um compartilha responsabilidade pelo presente e pelo futuro bem-estar da família humana e de todo o mundo dos seres vivos. O espírito de solidariedade humana e de parentesco com toda a vida é fortalecido quando vivemos com reverência o mistério da existência, com gratidão pelo dom da vida e com humildade em relação ao lugar que o ser humano ocupa na natureza.

Necessitamos com urgência de uma visão compartilhada de valores básicos para proporcionar um fundamento ético à comunidade mundial emergente. Portanto, juntos na esperança, afirmamos os seguintes princípios, interdependentes, visando a um modo de vida sustentável como padrão comum, através dos quais a conduta de todos os indivíduos, organizações, empresas, governos e instituições transnacionais será dirigida e avaliada.

PRINCÍPIOS

I. RESPEITAR E CUIDAR DA COMUNIDADE DE VIDA

1. Respeitar a Terra e a vida em toda sua diversidade.

a. Reconhecer que todos os seres são interdependentes e cada forma de vida tem valor, independentemente de sua utilidade para os seres humanos.

b. Afirmar a fé na dignidade inerente de todos os seres humanos e no potencial intelectual, artístico, ético e espiritual da humanidade.

2. Cuidar da comunidade da vida com compreensão, compaixão e amor.

a. Aceitar que, com o direito de possuir, administrar e usar os recursos naturais, vem o dever de prevenir os danos ao meio ambiente e de proteger os direitos das pessoas.

b. Assumir que, com o aumento da liberdade, dos conhecimentos e do poder, vem a maior responsabilidade de promover o bem comum.

3. Construir sociedades democráticas que sejam justas, participativas, sustentáveis e pacíficas.

a. Assegurar que as comunidades em todos os níveis garantam os direitos humanos e as liberdades fundamentais e proporcionem a cada pessoa a oportunidade de realizar seu pleno potencial.

b. Promover a justiça econômica e social, propiciando a todos a obtenção de uma condição de vida significativa e segura, que seja ecologicamente responsável.

4. Assegurar a generosidade e a beleza da Terra para as atuais e às futuras gerações.

a. Reconhecer que a liberdade de ação de cada geração é condicionada pelas necessidades das gerações futuras.

b. Transmitir às futuras gerações valores, tradições e instituições que apóiem a prosperidade das comunidades humanas e ecológicas da Terra a longo prazo.

II. INTEGRIDADE ECOLÓGICA

5. Proteger e restaurar a integridade dos sistemas ecológicos da Terra, com especial atenção à diversidade biológica e aos processos naturais que sustentam a vida.

a. Adotar, em todos os níveis, planos e regulamentações de desenvolvimento sustentável que façam com que a conservação e a reabilitação ambiental sejam parte integral de todas as iniciativas de desenvolvimento.

b. Estabelecer e proteger reservas naturais e da biosfera viáveis, incluindo terras selvagens e áreas marinhas, para proteger os sistemas de sustento à vida da Terra, manter a biodiversidade e preservar nossa herança natural.

c. Promover a recuperação de espécies e ecossistemas ameaçados.

d. Controlar e erradicar organismos não-nativos ou modificados geneticamente que causem dano às espécies nativas e ao meio ambiente e impedir a introdução desses organismos prejudiciais.

e. Administrar o uso de recursos renováveis como água, solo, produtos florestais e vida marinha de forma que não excedam às taxas de regeneração e que protejam a saúde dos ecossistemas.

f. Administrar a extração e o uso de recursos não-renováveis, como minerais e combustíveis fósseis de forma que minimizem o esgotamento e não causem dano ambiental grave.

6. Prevenir o dano ao ambiente como o melhor método de proteção ambiental e, quando o conhecimento for limitado, assumir uma postura de precaução.

a. Agir para evitar a possibilidade de danos ambientais sérios ou irreversíveis, mesmo quando o conhecimento científico for incompleto ou não-conclusivo.

b. Impor o ônus da prova naqueles que afirmarem que a atividade proposta não causará dano significativo e fazer com que as partes interessadas sejam responsabilizadas pelo dano ambiental.

c. Assegurar que as tomadas de decisão considerem as conseqüências cumulativas, a longo prazo, indiretas, de longo alcance e globais das atividades humanas.

d. Impedir a poluição de qualquer parte do meio ambiente e não permitir o aumento de substâncias radioativas, tóxicas ou outras substâncias perigosas.

e. Evitar atividades militares que causem dano ao meio ambiente.

7. Adotar padrões de produção, consumo e reprodução que protejam as capacidades regenerativas da Terra, os direitos humanos e o bem-estar comunitário.

a. Reduzir, reutilizar e reciclar materiais usados nos sistemas de produção e consumo e garantir que os resíduos possam ser assimilados pelos sistemas ecológicos.

b. Atuar com moderação e eficiência no uso de energia e contar cada vez mais com fontes energéticas renováveis, como a energia solar e do vento.

c. Promover o desenvolvimento, a adoção e a transferência eqüitativa de tecnologias ambientais seguras.

d. Incluir totalmente os custos ambientais e sociais de bens e serviços no preço de venda e habilitar os consumidores a identificar produtos que satisfaçam às mais altas normas sociais e ambientais.

e. Garantir acesso universal à assistência de saúde que fomente a saúde reprodutiva e a reprodução responsável.

f. Adotar estilos de vida que acentuem a qualidade de vida e subsistência material num mundo finito.

8. Avançar o estudo da sustentabilidade ecológica e promover o intercâmbio aberto e aplicação ampla do conhecimento adquirido.

a. Apoiar a cooperação científica e técnica internacional relacionada à sustentabilidade, com especial atenção às necessidades das nações em desenvolvimento.

b. Reconhecer e preservar os conhecimentos tradicionais e a sabedoria espiritual em todas as culturas que contribuem para a proteção ambiental e o bem-estar humano.

c. Garantir que informações de vital importância para a saúde humana e para a proteção ambiental, incluindo informação genética, permaneçam disponíveis ao domínio público.

III. JUSTIÇA SOCIAL E ECONÔMICA

9. Erradicar a pobreza como um imperativo ético, social e ambiental.

a. Garantir o direito à água potável, ao ar puro, à segurança alimentar, aos solos não contaminados, ao abrigo e saneamento seguro, alocando os recursos nacionais e internacionais demandados.

b. Prover cada ser humano de educação e recursos para assegurar uma condição de vida sustentável e proporcionar seguro social e segurança coletiva aos que não são capazes de se manter por conta própria.

c. Reconhecer os ignorados, proteger os vulneráveis, servir àqueles que sofrem e habilitá-los a desenvolverem suas capacidades e alcançarem suas aspirações.

10. Garantir que as atividades e instituições econômicas em todos os níveis promovam o desenvolvimento humano de forma eqüitativa e sustentável.

a. Promover a distribuição eqüitativa da riqueza dentro das e entre as nações.

b. Incrementar os recursos intelectuais, financeiros, técnicos e sociais das nações em desenvolvimento e liberá-las de dívidas internacionais onerosas.

c. Assegurar que todas as transações comerciais apóiem o uso de recursos sustentáveis, a proteção ambiental e normas trabalhistas progressistas.

d. Exigir que corporações multinacionais e organizações financeiras internacionais atuem com transparência em benefício do bem comum e responsabilizá-las pelas conseqüências de suas atividades.

11. Afirmar a igualdade e a eqüidade dos gêneros como pré-requisitos para o desenvolvimento sustentável e assegurar o acesso universal à educação, assistência de saúde e às oportunidades econômicas.

a. Assegurar os direitos humanos das mulheres e das meninas e acabar com toda violência contra elas.

b. Promover a participação ativa das mulheres em todos os aspectos da vida econômica, política, civil, social e cultural como parceiras plenas e paritárias, tomadoras de decisão, líderes e beneficiárias.

c. Fortalecer as famílias e garantir a segurança e o carinho de todos os membros da família.

12. Defender, sem discriminação, os direitos de todas as pessoas a um ambiente natural e social capaz de assegurar a dignidade humana, a saúde corporal e o bem-estar espiritual, com especial atenção aos direitos dos povos indígenas e minorias.

a. Eliminar a discriminação em todas as suas formas, como as baseadas em raça, cor, gênero, orientação sexual, religião, idioma e origem nacional, étnica ou social.

b. Afirmar o direito dos povos indígenas à sua espiritualidade, conhecimentos, terras e recursos, assim como às suas práticas relacionadas com condições de vida sustentáveis.

c. Honrar e apoiar os jovens das nossas comunidades, habilitando-os a cumprir seu papel essencial na criação de sociedades sustentáveis.

d. Proteger e restaurar lugares notáveis pelo significado cultural e espiritual.

IV. DEMOCRACIA, NÃO-VIOLÊNCIA E PAZ

13. Fortalecer as instituições democráticas em todos os níveis e prover transparência e responsabilização no exercício do governo, participação inclusiva na tomada de decisões e acesso à justiça.

a. Defender o direito de todas as pessoas receberem informação clara e oportuna sobre assuntos ambientais e todos os planos de desenvolvimento e atividades que possam afetá-las ou nos quais tenham interesse.

b. Apoiar sociedades civis locais, regionais e globais e promover a participação significativa de todos os indivíduos e organizações, interessados na tomada de decisões.

c. Proteger os direitos à liberdade de opinião, de expressão, de reunião pacífica, de associação e de oposição.

d. Instituir o acesso efetivo e eficiente a procedimentos judiciais administrativos e independentes, incluindo retificação e compensação por danos ambientais e pela ameaça de tais danos.

e. Eliminar a corrupção em todas as instituições públicas e privadas.

f. Fortalecer as comunidades locais, habilitando-as a cuidar dos seus próprios ambientes, e atribuir responsabilidades ambientais aos níveis governamentais onde possam ser cumpridas mais efetivamente.

14. Integrar, na educação formal e na aprendizagem ao longo da vida, os conhecimentos, valores e habilidades necessárias para um modo de vida sustentável.

a. Prover a todos, especialmente a crianças e jovens, oportunidades educativas que lhes permitam contribuir ativamente para o desenvolvimento sustentável.

b. Promover a contribuição das artes e humanidades, assim como das ciências, na educação para sustentabilidade.

c. Intensificar o papel dos meios de comunicação de massa no aumento da conscientização sobre os desafios ecológicos e sociais.

d. Reconhecer a importância da educação moral e espiritual para uma condição de vida sustentável.

15. Tratar todos os seres vivos com respeito e consideração.

a. Impedir crueldades aos animais mantidos em sociedades humanas e protegê-los de sofrimento.

b. Proteger animais selvagens de métodos de caça, armadilhas e pesca que causem sofrimento extremo, prolongado ou evitável.

c. Evitar ou eliminar ao máximo possível a captura ou destruição de espécies não visadas.

16. Promover uma cultura de tolerância, não-violência e paz.

a. Estimular e apoiar o entendimento mútuo, a solidariedade e a cooperação entre todas as pessoas, dentro das e entre as nações.

b. Implementar estratégias amplas para prevenir conflitos violentos e usar a colaboração na resolução de problemas para administrar e resolver conflitos ambientais e outras disputas.

c. Desmilitarizar os sistemas de segurança nacional até o nível de uma postura defensiva não-provocativa e converter os recursos militares para propósitos pacíficos, incluindo restauração ecológica.

d. Eliminar armas nucleares, biológicas, tóxicas e outras armas de destruição em massa.

e. Assegurar que o uso do espaço orbital e cósmico ajude a proteção ambiental e a paz.

f. Reconhecer que a paz é a plenitude criada por relações corretas consigo mesmo, com outras pessoas, outras culturas, outras vidas, com a Terra e com a totalidade maior da qual somos parte.

O CAMINHO ADIANTE

Como nunca antes na História, o destino comum nos conclama a buscar um novo começo. Tal renovação é a promessa destes princípios da Carta da Terra. Para cumprir esta promessa, temos que nos comprometer a adotar e promover os valores e objetivos da Carta.

Isto requer uma mudança na mente e no coração. Requer um novo sentido de interdependência global e de responsabilidade universal. Devemos desenvolver e aplicar com imaginação a visão de um modo de vida sustentável nos níveis local, nacional, regional e global. Nossa diversidade cultural é uma herança preciosa e diferentes culturas encontrarão suas próprias e distintas formas de realizar esta visão. Devemos aprofundar e expandir o diálogo global que gerou a Carta da Terra, porque temos muito que aprender a partir da busca conjunta em andamento por verdade e sabedoria.

A vida muitas vezes envolve tensões entre valores importantes. Isto pode significar escolhas difíceis. Entretanto, necessitamos encontrar caminhos para harmonizar a diversidade com a unidade, o exercício da liberdade com o bem comum, objetivos de curto prazo com metas de longo prazo. Todo indivíduo, família, organização e comunidade tem um papel vital a desempenhar. As artes, as ciências, as religiões, as instituições educativas, os meios de comunicação, as empresas, as organizações não-governamentais e os governos são todos chamados a oferecer uma liderança criativa. A parceria entre governo, sociedade civil e empresas é essencial para uma governabilidade efetiva.

Para construir uma comunidade global sustentável, as nações do mundo devem renovar seu compromisso com as Nações Unidas, cumprir com suas obrigações respeitando os acordos internacionais existentes e apoiar a implementação dos princípios da Carta da Terra com um instrumento internacionalmente legalizado e contratual sobre o ambiente e o desenvolvimento.

Que o nosso tempo seja lembrado pelo despertar de uma nova reverência face à vida, pelo compromisso firme de alcançar a sustentabilidade, a intensificação dos esforços pela justiça e pela paz e a alegre celebração da vida.


terça-feira, 30 de março de 2010

Horários pelo Mundo

O Fantástico Relógio do Mundo!


Saiba o que vai pelo mundo durante o ano, o mês, a semana, o dia, ou mesmo no momento em que você acessar o aplicativo.

Acesse o World Clock através do link abaixo: http://www.poodwaddle.com/worldclock.swf

terça-feira, 23 de março de 2010

O Céu Noturno e a Poluição Luminosa

“A beleza e o significado das coisas estão muito mais
‘dentro’ do homem que nos objetos. Só desfrutamos a
beleza na medida em que nos conscientizamos dela”.
(Rodolpho Caniato (1929 – )

O céu é uma imensa obra de arte, uma gigantesca tela onde os povos antigos registraram seus mitos e suas crenças para transmiti-los às gerações futuras. Durante milênios, a mais democrática obra de arte da natureza permaneceu intacta: de morada dos deuses passou a panorama de sonhos e aventuras, sempre disponível a todos que quisessem estudá-la ou simplesmente contemplá-la. Durante milênios, o homem aprendeu nesse grande livro os mistérios do universo. Num grande salto de evolução, construímos máquinas que nos aproximaram do céu: telescópios, espectroscópios, naves espaciais... De espectadora dos anseios humanos, a grande tela passou a ser um caminho para outros mundos. Insaciáveis, empenhamo-nos em conquistar o espaço; porém, descuidamos de nosso maior patrimônio.

Figura 1 - A Via Láctea.

Não existe beleza comparável a uma noite estrelada. Há séculos, milênios, gerações de homens olhando as estrelas, investigam seus segredos. A contemplação do céu foi um dos motores da história da humanidade tal como a conhecemos. Fica uma pergunta que não quer calar: será que nossos filhos, netos e as gerações que estão por vir terão o mesmo direito de contemplar o céu noturno com sua infinita beleza? Infelizmente não! Com a modernidade, essa beleza tem desaparecido. Hoje, a maioria das crianças cresce sem conhecer o prazer de parar e observar as estrelas.

O privilégio de apreciar essa beleza está sendo alterado nas últimas décadas pela poluição luminosa. A luz que em aparência é algo limpo e bom, quando mal direcionada se converte em algo realmente nocivo ao meio ambiente, alterando de forma significativa o equilíbrio natural dos animais de vida noturna, poluindo a atmosfera e ainda, prejudicando a paisagem noturna, tornando invisíveis os objetos celestes mais belos, privando não só o estudo de astrônomos, bem como de todos aqueles que querem desfrutar a visão das estrelas.

Há muitos jovens cidadãos que nunca viram mais que meia dúzia de estrelas. Para esses jovens, o mundo é mais pobre. Não fazem ideia do que seja um céu estrelado. Não podem perceber o que são as constelações, nem como se identifica a “estrela polar” ou a constelação do “Cruzeiro do Sul”. Não conseguem perceber como os antigos detectaram a existência de planetas e o que são os “signos do zodíaco”. Para esses jovens e para muitos outros menos jovens, não é só o céu que é mais pobre. Para eles, há muitas referências culturais que não fazem sentido. Quando lêem “Os Lusíadas”, não podem perceber como se vê “de Cassiopeia a formosura” e “de Órion o gesto turbulento” ou a surpresa que é ver “as Ursas banharem-se nas águas”. Quando lêem Aquilino, não podem imaginar o que sejam as “Três Marias”. Quando ouvem falar “perder o norte”, não podem compreender que isso tenha algo a ver com as estrelas. Quando ouvem dizer que “Subaru” é a designação japonesa das “Plêiades”, essa curiosidade também nada lhes diz porque não poderão ver esse grupo de estrelas.

Figura 2 - Aglomerado aberto "As Plêiades".

Perder o contato com o céu é perder o contato com a natureza e com uma herança cultural que tem muitos milhares de anos. Em grande parte, trata-se de um fato inevitável, tal como é inevitável a cidade deixar de ouvir o despertar dos galos ou desconhecer o ciclo das colheitas. A culpa da perda de contato com o céu reside essencialmente na iluminação artificial que, nas grandes cidades, ofusca por completo quase todas as estrelas. Talvez surpreendentemente, quem mais sofre com isso não são os astrônomos, mas sim os cidadãos e o bolso dos contribuintes.

Os astrônomos são inimigos da poluição luminosa, como é natural. No entanto, aprenderam a lidar com o problema. Construíram observatórios em locais ermos e elevados, afastados das luzes das cidades e com condições de observação quase ideais. Construíram telescópios que não estão sobre a Terra e que, por isso, nem sequer sofrem com a atmosfera. O mais célebre destes é o telescópio espacial Hubble, mas há outros sistemas de observação situados em satélites. Muitos astrônomos efetuam muitas observações fora do seu país, em observatórios internacionais com condições privilegiadas. Deslocam-se ao Chile, ao Observatório Europeu do Sul, a Tenerife e aos radiotelescópios de Porto Rico ou da Austrália, dentre outros. Por vezes nem precisam se deslocar, pois recolhem os dados por sistemas remotos, pela Internet e via satélite.

Durante todo o século XX a astronomia observacional deslocou-se da vizinhança dos antigos centros urbanos para locais especialmente adaptados à observação. O mesmo não se passa com os astrônomos amadores, que realizam as suas observações em casa, num quintal ou em locais descampados, para onde se deslocam para as observações. Esses estão constantemente fugindo das luzes da cidade e tentando contornar os problemas que a poluição luminosa lhes cria. É uma luta constante, pois parece que as autarquias e os serviços públicos têm medo do escuro e estão sempre à procura de mais locais para instalarem luminárias e holofotes.

Há alguns anos, podia-se ir à praia, à noite. Hoje, muitas praias estão iluminadas por diversos holofotes. Se o problema continuar, será preciso dirigir dezenas de quilômetros só para poder vislumbrar meia dúzia de estrelas. Mas os astrônomos amadores, precisamente porque têm amor às observações do céu, acabam conseguindo contornar estes problemas. Usam proteções de luz e conseguem reduzir os efeitos da iluminação artificial usando filtros nos seus telescópios. Deslocam-se a sítios isolados, onde as condições de observação são melhores. Muitas vezes, juntam-se em acampamentos, as chamadas “astrofestas”, para partilharem o céu escuro em segurança.

Quem acaba sendo mais prejudicado com a poluição luminosa é o cidadão. Por um lado, porque perde contato com o firmamento; por outro, porque são os seus impostos que pagam o desperdício de luz. Por todas estas razões, em 1988, nos Estados Unidos, um grupo de astrônomos amadores e cidadãos inconformados decidiram enfrentar o problema e constituíram uma associação internacional para combater a poluição luminosa - a IDA, International Dark-Sky Association. Este grupo tem atualmente cerca de dez mil membros, espalhados por muitos países.

Conceito e Causas da Poluição Luminosa

A poluição luminosa é um problema ambiental sério e pouco conhecido, que pode ser definido como sendo qualquer efeito adverso causado ao meio ambiente pela luz artificial excessiva ou mal direcionada produzida pelo homem nos centros urbanos, que causa fulgor, prejudicando as condições de visibilidade do céu noturno. A poluição luminosa interfere nos ecossistemas, causa efeitos negativos à saúde, ilumina a atmosfera das cidades, reduz a visibilidade das estrelas e prejudica as observações astronômicas.

A causa está no formato das luminárias, que não costumam abrigar corretamente suas lâmpadas, e no ângulo de inclinação das mesmas. São os postes da iluminação das ruas, os das praças, em forma de globo esférico, os refletores das quadras de esportes, estacionamentos, canteiros de obras, clubes, aeroportos, etc. O desperdício é observado de modo marcante pela enorme “bolha luminosa” que cobre as grandes e médias cidades. Essa “luz extra” em nada contribui para a iluminação noturna útil, uma vez que a única luz que realmente importa é aquela dirigida para o solo.

Figura 3 – Poluição luminosa em grande cidade.

As luminárias mais utilizadas em iluminação pública são ineficientes e mal projetadas, deixam escapar grande parte da luz para o espaço, um fluxo de aproximadamente 40% é emitido horizontalmente e para cima, ou seja, se gasta energia para iluminar mal a rua e ainda poluir. A luz extra se reflete nas nuvens, em gotas de água e poeiras suspensas, e cria nas camadas atmosféricas um obstáculo à visibilidade do firmamento.

Figura 4 – Poluição luminosa em rodovia.

A iluminação pública é necessária, sobretudo por razões de conforto e segurança. Mas será mesmo necessário que todos os locais estejam intensamente iluminados? O ofuscamento direto pelas luminárias que espalham a luz em todas as direções é um dos grandes defeitos do sistema de iluminação. Os astrônomos amadores que se preocupam com o problema têm conseguido convencer os responsáveis a proteger algumas luminárias, de forma que estas apontem a luz apenas para o solo, onde ela pode ser útil.
Mas essas são situações localizadas e não é isso que habitualmente acontece. Há boa, má e péssima iluminação pública. Há luminárias que apontam para o solo e concentram a luz onde ela é necessária. Na maioria, contudo, apesar de apontarem para baixo, deixam escapar grande parte da luz para cima. E há ainda os globos completamente irracionais, que espalham a luz em todas as direções menos para baixo, pois o sistema de suporte não permite que as lâmpadas iluminem diretamente o que seria mais necessário. Calcula-se que, numa cidade, a energia global perdida por estes sistemas se situe entre os 20% e os 40%. Isto significa que os contribuintes estão pagando para se iluminar o céu!

A iluminação dos monumentos é outra fonte de problemas. Não é necessário nem racional que recebam luz durante toda a noite, nem tem qualquer sentido iluminá-los de baixo para cima, fazendo com que a luz seja projetada para o espaço. A luz que se envia para a atmosfera é responsável por uma poluição luminosa adicional. Ela se reflete nas nuvens, em gotículas de água e poeiras em suspensão e cria nas camadas atmosféricas uma barreira à visibilidade das estrelas. A luminosidade que se vê ao longe sobre as cidades torna-se um obstáculo à observação do firmamento. E trata-se de um obstáculo criado, em grande parte, pelo esbanjamento. A poluição luminosa é simultaneamente um desperdício dos recursos públicos, uma barreira à natureza e um ataque à nossa cultura. Se não lhe pusermos um fim, dentro em breve haverá jovens cidadãos que nunca verão uma estrela, e que julgarão que as estrelas do céu têm mesmo cinco pontas.


                                                                 
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