“O 40º aniversário do Dia da Terra em 2010 será reconhecido por futuras gerações como um ponto de giro do mundo, e por um deslocamento para a sustentabilidade global simbolizada pelo nascimento da Geração Verde”.
Em 1990, Dia da Terra foi global, com 200 milhões de pessoas de 141 nações participantes. Milhares de atividades tiveram lugar no mundo, incluindo exposições, plantações de árvores, Feiras da Terra, limpeza de rios, e eventos culturais patrocinados pelo governo e iniciativa privada. Este popular internacional de preocupação com o meio ambiente elevou o status das questões ambientais em todo o mundo e levou alguns governos a criação de agências de proteção ambiental.
Este ano, a data marcou o inicio da campanha bienal The Green Generation (A Geração Verde, na tradução livre), que culminará com o 40º aniversário de sua comemoração em 2010. A campanha defende os princípios de um futuro livre de carbono baseado na energia renovável; uma autorização individual ao consumo responsável; e a criação de uma nova economia verde que ajude povos saírem da pobreza.
O Novo Paradigma
Esta campanha, que é promovida pela Earth Day Network (EDN) – Rede do Dia da Terra na tradução livre, organização que promove a ação ambiental progressiva do ano e a cidadania no mundo inteiro -, propõe uma mudança de paradigma, pois segundo Lambert, et al. (2008), “[..] enfatiza a qualidade em vez da quantidade, a regeneração – de indivíduos, comunidades e ecossistemas -, em vez do acúmulo de riqueza ou de materiais”. Este “impasse” me remete à questão levantada pelo jornalista e professor de comunicação, Fernando Pachi, em matéria publicada pela revista Scientific American Brasil, edição especial nº 19 de 2007, referindo-se ao quanto nós estamos dispostos a mudar, para garantir o futuro do planeta e das próximas gerações?
Como o desenvolvimento tecnológico e o atual conhecimento científico, hoje já é possível ter acesso a relatórios que retratam o impacto humano no meio ambiente, cada vez mais detalhados e com índices menores de incertezas, os quais, desde os primeiros já alertam sobre o modo insustentável o qual tomamos rumo. Para o cientista político e diretor do site O Eco, Sérgio Abraches, também em matéria publicada pela Scientific American Brasil, edição especial nº 19 de 2007, “hoje, só há dois caminhos para as sociedades humanas: adotar políticas conscientes e deliberadas para a máxima mitigação possível das emissões de gases de efeito estufa e para a adaptação necessária ao aquecimento global, ou enfrentar suas consequências irrefreadas e progressivamente mais forte no futuro breve”.
Na Prática
Segundo o jornalista especializado em divulgação científica, mestre e doutor em ciências pela Universidade de São Paulo e editor da Scientific American Brasil, Ulisses Capozzoli, “a cesta de medidas ajustadas ao perfil brasileiro de emissões de carbono é de menor custo, não representa sacrifício do crescimento da economia ou do bem-estar”, além, de criar oportunidades para o desenvolvimento local, como os mercados de carbono, serviços de ecossistemas, e a agricultura familiar, mesmo porque, “grande parte das coisas que o Brasil precisa fazer para se tornar uma sociedade de baixo carbono, ele deveria fazer de qualquer forma, mesmo na ausência da ameaça climática”, enfatiza Capozzoli.
É verdade que a maior responsabilidade pela redução do carbono no Brasil, de acordo com Capozzoli, “[…] é do governo federal, em função do poder regulatório muito concentrado na União”. No entanto, isto não nos exclui da responsabilidade, enquanto consumidores cidadãos, de nos esforçarmos para reconhecer, segundo o Instituto Akatu, “a relação direta de cada indivíduo com o coletivo e as gerações futuras”, legitimando assim o estado de direito, “ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum e essencial à sadia qualidade de vida”, previsto pela Constituição Federal, Capítulo IV, Art. 225. Mesmo porque, independente de posição geográfica, etnia ou classe social, somos todos um só planeta.
Ora, se a mudança está dentro de cada um, então, é provável que a melhor maneira de prever o futuro, seja mesmo criar.
ABRACHES, S. O PAPEL DO GOVERNO. Cuidar do clima global É CUIDAR DO BRASIL. Revista Scientific American Brasil, edição especial nº 19. São Paulo: Duetto. 2007, p.590.
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