A CONSTELAÇÃO DO TOURO
E SEUS OBJETOS CELESTES MARAVILHOSOS
Marcos Trindade Moreira
1 Introdução
Para facilitar a descrição do
céu e transmitir conhecimentos, o homem primitivo resolveu reunir as estrelas
em grupos, constituindo desse modo as constelações. Na realidade, elas não
constituem sistemas de estrelas associadas entre si. Em geral se encontram
muito distantes umas das outras, dentro da nossa galáxia, a Via Láctea.
A distribuição e a denominação
das constelações não foi uma fantasia dos povos antigos. Foi um trabalho de
cartografia com finalidades úteis para o planejamento da agricultura e para
orientação náutica. O agrupamento de estrelas em constelações seguiu dois
sistemas: um zodiacal (relacionado à agricultura) e outro equatorial (relacionado
à navegação). O sistema equatorial está ligado à orientação por meio das
estrelas para a navegação noturna, enquanto o sistema zodiacal tinha por
finalidade a determinação das estações, prendendo-se, assim, às atividades
agrícolas.
As mais antigas denominações
das constelações surgiram entre os povos da Mesopotâmia. Nos primeiros zodíacos
encontramos a constelação do Touro como o primeiro signo, pois o equinócio da
primavera naquela época localizava-se nessa constelação. Todavia, em virtude do
movimento de precessão do eixo imaginário norte-sul terrestre, o equinócio se
desloca sucessivamente em todos os signos num período de 26 mil anos,
aproximadamente. Após 2.150 a. C. o equinócio teve lugar no signo de Áries e
desde o primeiro século de nossa era encontra-se no signo de Peixes. Aliás,
convêm lembrar que entre os Persas, o céu era dividido em quatro partes pelas
chamadas quatro estrelas reais – Aldebarã, Régulus, Antares e Fomalhaut –
utilizadas na agricultura para indicar o início das estações do ano: primavera,
verão, outono e inverno. As constelações zodiacais que surgiram em primeiro
lugar foram Touro, Gêmeos, Leão, Virgem, Escorpião, Sagitário, Capricórnio,
Aquário, Peixes e Carneiro. Posteriormente, foram criadas Câncer e Balança.
FIGURA 1 – O Zodíaco
atual, incluindo a constelação de Ofiúco.
A associação do nome das constelações à mitologia
era uma maneira de permitir a transmissão oral das descrições do céu. Os cultos
prestados aos fenômenos naturais, inexplicáveis pela ciência da época, deram
origem a essas ligações míticas.
Provavelmente Touro é a mais antiga constelação do
zodíaco. Os Babilônios a utilizavam para marcar o início do ano em 4.000 a.C,
pois nessa época, o equinócio da primavera localizava-se nesse asterismo. Aliás,
o estudo de todos os antigos zodíacos mostra o seu início no Touro: o ano
começava com o aparecer matinal das Plêiades na primavera e com o seu
aparecimento vespertino no outono, para os habitantes do hemisfério norte.
O aparecimento das Plêiades em novembro era saudado como a “festa dos
mortos”, que comemoramos até hoje (Dia de Finados). Povos da antiguidade, como
os Caldeus e Hebreus, davam ao mês de novembro o nome de Plêiades. No mais
antigo de todos os zodíacos egípcios – o de Denderah – a constelação do Touro
está associada a Osíris, que era o deus especial do rio Nilo. O nascer helíaco
das Híades, principal aglomerado do Touro, era associado à estação da chuva,
donde a origem do seu nome, que significa “chover” (MOURÃO, 1989, p. 287).
A constelação do Touro possui os dois mais famosos aglomerados estelares
totalmente visíveis a olho nu: Híades e Plêiades. As Híades constituem um
enorme aglomerado aberto no qual as estrelas mais brilhantes formam um grande
“V”, contendo cerca de 200 estrelas. Aldebarã (Alfa do Touro), uma estrela
gigante vermelho-alaranjada com diâmetro 40 vezes
superior ao do nosso Sol, constitui uma das extremidades do “V”. As
Plêiades, o mais famoso aglomerado aberto por ser completamente visível a olho
nu a oeste das Híades, também é chamado de “As Sete Irmãs”, pois é formado por
7 estrelas principais.
A constelação do Touro é uma das mais facilmente
identificáveis no céu noturno de primavera e verão para os habitantes do
hemisfério sul. Ainda traz outros objetos celestes muito interessantes, como a
estrela Aldebarã ou “Olho do Touro” e a famosa nebulosa do Caranguejo. O verão
é a melhor época do ano para observar esta constelação no hemisfério sul, pois
é quando ela mais se destaca no céu, nascendo a leste por volta das 18 horas e
estando visível praticamente a noite toda.
FIGURA 2 – Constelação do Touro na Uranografia.
2 O Touro na Mitologia Grega
Segundo a mitologia
grega, há muito tempo atrás, havia no reino da cidade de Tiro (na Fenícia; hoje
Sur, no Líbano), um rei chamado Agenor, cuja filha era muito bela. Seu nome era
Europa e Zeus (Júpiter, na mitologia romana) se apaixonou perdidamente por sua
beleza. Queria possuí-la a qualquer preço. Movido por essa determinação, Zeus
decidiu utilizar sua estratégia principal, ou seja, a de se metamorfosear em
qualquer objeto ou criatura viva. Por alguma razão, Zeus jamais aparecia diante
das suas eleitas na sua forma pessoal, preferindo assumir sempre outra
aparência qualquer.
Assim, depois de muito pensar, decidiu transformar-se
num grande touro, branco como a neve. Em uma das praias de Tiro onde um grupo
de moças se divertia, entre elas, Europa, a calma das jovens foi abalada pela
aparição do touro branco, assustando o grupo. De todas as moças, a única que
não fugiu foi Europa, que se aproximou do touro e acariciou o pêlo alvo do
animal e o enfeitou com flores. Quando as moças ganharam confiança e se
aproximaram, o touro se levantou e fugiu em direção ao mar, a galope sobre as
ondas, com Europa no dorso.
FIGURA 3 – Pintura retratando o rapto de Europa pelo Touro.
FIGURA 4 – Europa e o Touro.
Europa pediu socorro às companheiras, mas o touro, durante
dia e noite sem parar, nadou até uma praia em Creta, onde se
abaixou para que a jovem pudesse descer. Aí Zeus retomou a sua forma divina e
uniu-se a Europa que, com o tempo, deu a ele dois filhos, entre eles Minos,
futuro rei de Creta e pai do Minotauro. O Touro brilha até hoje no céu como uma
constelação para recordar essa união.
3 Aldebarã
A estrela Aldebarã (Aldebaran ou
alfa Tauri) é a estrela mais brilhante da constelação do Touro. Na Grécia
antiga era conhecida como “tocha” ou “facho”. É conhecida popularmente como o “Olho
do Touro”, pois sua localização na imagem sugerida para a constelação ocupa a
posição do olho esquerdo do Touro mítico.
FIGURA 5 – Localização das constelações de Touro e Órion no céu noturno.
O seu nome provém da palavra árabe “al-dabarān” que
significa “aquela que segue as Plêiades” – referência à forma como a estrela
parece seguir esse aglomerado durante o seu movimento aparente ao longo do céu.
Aldebarã é uma das estrelas mais facilmente identificáveis no céu noturno,
tanto devido ao seu brilho como à sua localização. Identificamo-la rapidamente
se seguirmos a direção das três estrelas centrais da constelação de Órion
(designadas popularmente por “Três Marias” ou Três Reis Magos – o cinturão do
caçador), da esquerda para a direita (no hemisfério norte) ou da direita
para a esquerda, no hemisfério sul – Aldebarã é a primeira das estrelas mais
brilhantes que encontramos ao seguirmos essa linha imaginária (ver figura 5).
É uma estrela do
tipo espectral K5 III (uma gigante vermelha-laranja), o que significa que
tem cor alaranjada; tem grandes dimensões e saiu da sequência principal do
Diagrama HR depois de ter gasto todo o Hidrogênio que constituía o seu
“combustível”. Atualmente, a sua energia provém apenas da fusão de Hélio da qual
resultam cinzas de Carbono e Oxigênio. Sua temperatura superficial é da ordem
de 3.000K. O corpo principal desta estrela expandiu-se para um diâmetro de aproximadamente 40 vezes maior que o do nosso Sol. Localiza-se
a 68 anos-luz da Terra e sua luminosidade é 150 vezes superior à do Sol,
o que a torna a décima terceira estrela mais
brilhante do céu (magnitude aparente = 1,06). É ligeiramente variável, do
tipo variável pulsante, apresentando uma variação de brilho cerca de 0,2
unidade de magnitude.
FIGURA 6 – A estrela Aldebarã e o nosso Sol –
Comparação dos tamanhos.
3.1 Significados Místicos e Astrológicos
Em termos astrológicos, Aldebarã é considerada
uma estrela propícia, portadora de honra e riqueza. Segundo Ptolomeu, é da
natureza de Marte, devido à sua cor avermelhada. O astrólogo e alquimista Cornelius
Agrippa escreveu que “o talismã feito sob Aldebarã com a imagem de um homem
voando, confere honra e riqueza”.
Aldebarã é uma das quatro “estrelas reais” (a
guardiã do leste), assim designadas pelos Persas em cerca de 3.000
a.C.. Também como guardiã do leste corresponde, na tradição, ao arcanjo Miguel
(“o que é como Deus”), o Comandante dos Exércitos Celestes. Indicou
o equinócio de outono no hemisfério norte em uma fase inicial da
história a que se referem escrituras védicas.
Para os cabalistas está associada à letra inicial
do alfabeto hebraico, Aleph e, portanto, à primeira carta do Tarô, O Mago.
Segundo a mitologia própria da Stregheria, ou bruxaria tradicional
italiana, Aldebarã é um anjo caído que, durante o equinócio da
primavera, marca a posição de guardião da porta oriental do céu.
4
Plêiades
O aglomerado estelar aberto Plêiades é o grupo de
estrelas mais brilhante em todo o céu e o mais famoso. As Plêiades também são
conhecidas por vários outros nomes tais como “Sete Irmãs”, “Sete estrelo” em
algumas passagens bíblicas (Jó 9:9 e 38:31; Amós 5:8), como M45 na
classificação do Catálogo Messier, NGC 1432, como “Subaru” (marca de
automóveis) no Japão e diversas outras denominações em Árabe, Hebraico bíblico,
Persa, Urdu, Coreano, Maori, Sânscrito e Indiano.
No Brasil, na
região sudeste do Estado do Pará, os índios Aikewára (etnia Tupi) chamam o
aglomerado de “Eisu” (em português = casinha de abelhas). Na região em que os
Aikewára vivem, o aglomerado aparece no início da noite, no primeiro semestre.
É o momento em que eles estão colhendo a safra da castanha, no período das
chuvas.
FIGURA 7 – Eisu –
casinha de abelhas.
Constelação dos índios Aikewára.
FIGURA 8 – Aglomerado
As Plêiades.
O nome Plêiades
deriva do grego “plein”, que significava o início e o término da estação da
navegação entre os gregos. Na mitologia grega, as Plêiades eram as sete irmãs,
filhas de Pleione e Atlas, perseguidas por Órion que estava encantado com a
beleza das moças e que para escapar da perseguição do caçador, recorreram aos deuses, que as transformaram em sete estrelas. Seus nomes
eram: Maia, Electra, Taígeta, Astérope, Mérope, Alcíone e Celeno. Uma
explicação mais óbvia para o nome das Plêiades refere-se precisamente ao nome
da mãe (Pleione) que, tal como Atlas, também está representada no aglomerado
(ver figura 10).
FIGURA 9 – As Plêiades na mitologia grega.
Um modo fácil de localizar as Plêiades no céu é tomando a reta formada
pelas estrelas Betelgeuse (na constelação de Órion) e Aldebarã (na constelação
do Touro), ambas fáceis de serem identificadas por terem cor avermelhada.
Seguindo a reta chegaremos ao aglomerado das Plêiades, bem no pescoço do Touro (figuras
5 ou 15).
FIGURA 10 – Aglomerado aberto M45 – As Plêiades.
As Plêiades, como é típico dos aglomerados abertos,
constituem um grupo de estrelas que se formaram a partir de uma mesma massa
inicial de gás e poeira. Trata-se de um aglomerado muito jovem: a sua idade é
estimada em 100 milhões de anos, pelo que terão surgido num momento em que a
Terra era dominada pelos dinossauros. Em fotografias de longa exposição é
possível ver nebulosidades associadas às estrelas do aglomerado, como podemos
observar na figura 10. Essa nebulosidade, que envolve suas estrelas mais
brilhantes, dispersa a luz como um nevoeiro ao redor de lâmpadas acesas.
Observações no rádio e
no infravermelho realizadas nos
anos da década de 1980 mostraram que essa nebulosidade resulta de um encontro
casual entre as estrelas jovens das Plêiades e uma nuvem interestelar, e não
dos resíduos da nuvem que originou o aglomerado. Novos dados obtidos no
observatório de Kitt Peak (Arizona, EUA) sugerem que as Plêiades estão na
realidade encontrando com duas nuvens, o que em si é um acontecimento
raríssimo: uma colisão de três corpos na vastidão do espaço interestelar. Esta
situação faz das Plêiades um laboratório único.
A
orientação de estruturas captadas em imagens ópticas e de rádio fornece informações
sobre o movimento do gás e poeira na abóbada celeste, que combinada com as
velocidades ao longo da linha de visão determinadas espectroscopicamente
permitem reconstituir a configuração tridimensional da matéria interestelar
perto das Plêiades.
As riscas de absorção do sódio mostram que
existe uma estrutura entre a Terra e as estrelas das Plêiades, movendo-se em
direção ao aglomerado com uma velocidade ao longo da linha de visão de 10
quilômetros por segundo. Segundo Richard White, o autor principal deste estudo,
a estrutura corresponde ao complexo de nuvens interestelares do Touro-Cocheiro
(em latim Taurus-Auriga), cujo centro se situa a cerca de 40
anos-luz a Leste.
No
entanto, na direção de algumas estrelas existem duas ou mais estruturas
de absorção. White argumenta que uma onda de choque proveniente da
colisão das Plêiades com gás associado ao complexo do Touro-Cocheiro poderia,
em algumas regiões, dividir estruturas de absorção em três, especialmente nos
lados Sul e Leste das Plêiades. No entanto, a presença de outra estrutura
revelada pelos dados, especialmente no lado Oeste e se movimentando com uma
velocidade de 12 quilômetros por segundo em direção ao aglomerado, desafia
qualquer explicação, a não ser que uma segunda nuvem esteja também convergindo
para as Plêiades.
O aglomerado compreende pelo menos 500 estrelas,
predominantemente de cor branco-azuladas, muito quentes, e situa-se a 380
anos-luz de distância. Assim, a luz das suas estrelas demora 380 anos para
chegar até nós. O que vemos no céu é o aspecto que o aglomerado tinha na época
em que se efetuavam as primeiras observações astronômicas com telescópios.
Estima-se que durará de 250 a 300 milhões de anos para que as estrelas deste
aglomerado se dispersem no espaço. É possível que algumas dessas estrelas
possam se manter fisicamente relacionadas, formando sistemas estelares duplos
ou múltiplos.
5 Híades
Nas proximidades
das Plêiades, é possível observar outro aglomerado aberto, ainda que menos
espetacular: as Híades. Na mitologia grega, as Híades eram filhas de Atlas e Altra,
e, portanto, irmãs das Plêiades pelo lado paterno. Os antigos acreditavam que o
nascer e o pôr helíaco das Híades estavam associados às chuvas. A palavra
Híades significa literalmente “água” ou “chuva”. As Híades têm um formato em
"V" simbolizando a cabeça do Touro, com a
estrela Aldebarã representando um olho.
FIGURA 11 – Aglomerados abertos Híades e
Plêiades na constelação do Touro.
A estrela Aldebarã, na realidade, não pertence ao
aglomerado das Híades, mas devido ao efeito de superposição, é impossível não
associá-los, pois as suas estrelas distribuem-se, aparentemente, em torno dela.
Mas isso não passa de um efeito de perspectiva – enquanto Aldebarã se situa a
60 anos-luz da Terra, as Híades encontram-se a 150 anos-luz. Ainda assim, as
Híades constituem o aglomerado aberto mais próximo de nós. A rotação aparente
da esfera celeste dá-nos a sensação de que Aldebarã e as Híades seguem as
Plêiades. Por essa razão, o nome árabe daquela estrela, “al-dabarān”, significa
“aquela que segue”.
5.1 As Híades e a
Teoria da Relatividade
O aglomerado
das Híades desempenhou um papel importante na verificação experimental da
teoria da relatividade geral de Albert Einstein. Segundo esta teoria, o campo
gravitacional do Sol provocaria uma deflexão nos raios luminosos provenientes
de outras estrelas, na sua passagem junto ao limbo solar (isto é, junto à borda
do Sol), induzindo um desvio na posição aparente dessas estrelas da ordem dos
1,75’’ (1,75 segundos de arco). Um eclipse total, quando o Sol se encontrasse
numa zona do céu rica em estrelas, constituiria a ocasião ideal para pôr esta
teoria à prova. Para 29 de Maio de 1.919 estava previsto um eclipse total, e o
Sol ocuparia então uma posição aparente na região das Híades.
O astrofísico britânico Arthur Eddington,
que por motivos religiosos se recusara a participar na Primeira Guerra Mundial,
tivera que se comprometer a organizar uma expedição com o fim de testar o
efeito previsto pela relatividade geral, de modo a evitar a prisão. Por ocasião
do referido eclipse, Eddington organizou então uma dupla expedição,
contemplando dois locais abrangidos pela faixa de totalidade: Sobral, no Ceará
(Brasil), e a Ilha do Príncipe, na época uma colônia portuguesa. O Observatório
Astronômico de Lisboa, então dirigido pelo Almirante Campos Rodrigues,
colaborou ativamente na organização da expedição à Ilha do Príncipe, que contou
com a participação do próprio Eddington. Os resultados da expedição, favoráveis
à teoria de Einstein, deram uma enorme contribuição para a aceitação da mesma e
para a popularidade do cientista.
FIGURA 12 – Curvatura de um raio luminoso, causada pelo
campo gravitacional do Sol, comprovando parte da Teoria da Relatividade.
6 Nebulosa
do Caranguejo
A Nebulosa do
Caranguejo, objeto celeste catalogado como M1, NGC1952 ou ainda por Taurus A,
foi observada pela primeira vez por John Bevis no ano de 1.731 e é
remanescente de uma estrela supernova (resultado da morte de uma estrela
massiva, que colapsou e explodiu liberando uma enorme quantidade de energia)
que foi registrada como uma estrela visível à luz do dia, por astrônomos
chineses e árabes no ano de 1.054 (catalogada
como SN 1054). Esta super estrela era o 3º objeto mais brilhante no
céu (contando com o Sol e a Lua) e pôde ser observada durante o dia por mais de
dois meses apesar de se encontrar a cerca de 6.300 anos-luz de distância. A
supernova foi visível a olho nu durante a noite por cerca de dois
anos após a sua primeira observação. A Nebulosa do Caranguejo se tornou o
primeiro objeto astronômico reconhecido como sendo ligado a uma explosão de
supernova.
FIGURA 13 – Estrela supernova observada por
astrônomos chineses
e árabes no ano de 1.054.
A nebulosa está se expandindo a cerca de 1.500
quilômetros por segundo. Fotografias tomadas ao longo de vários anos revelam a
lenta expansão da nebulosa, e comparando esta expansão angular
observada no céu com a sua velocidade de expansão determinada através
de análise espectroscópica, a distância da nebulosa pode ser estimada.
Em 1.973,
uma análise a partir dos diversos métodos utilizados para calcular a distância
até a nebulosa chegou à conclusão de cerca de 6.300 anos-luz. Ao
longo de seu eixo maior visível, a nebulosa mede cerca de 13 (± 3) anos-luz de
diâmetro.
Seguindo de forma retrógrada e uniforme a sua
expansão, alcança-se uma data várias décadas após o ano de 1.054, o que implica
que a sua velocidade de expansão tem aumentado desde a explosão da supernova.
Acredita-se que esta aceleração seja causada pela energia do pulsar
no seu interior, que de alguma forma interfere o campo magnético da
nebulosa, que se expande e força seus filamentos em direção ao espaço vazio.
A nebulosa foi redescoberta de forma independente
em 1.758 pelo astrônomo francês Charles Messier enquanto observava
um cometa brilhante. Messier catalogou-o como a primeira entrada (M1)
no seu catálogo de objetos com aparência semelhante a
cometas. William Parsons, Conde de Rosse, observou a nebulosa
no Castelo de Birr, na década de 1.840 e referiu o objeto como a Nebulosa
do Caranguejo porque um desenho que ele fez parecia com um caranguejo.
Atualmente
sua magnitude aparente é de 8,4, não podendo ser vista a olho nu. No entanto,
não é difícil sabermos sua localização, visto que está bem próxima da estrela
Zeta (ζ), na
ponta de um dos chifres do Touro, conforme mostra a figura 14.
FIGURA 14 – Carta celeste da constelação do Touro.
FIGURA 15 – Localização dos aglomerados abertos
Plêiades e Híades, da nebulosa do Caranguejo, das “Três Marias” e das estrelas
Aldebarã e Betelgeuse.
No interior desta
nebulosa, existe um pulsar (uma fonte de rádio) e que também pode ser chamado
de “estrela de nêutrons”, que gira rapidamente em torno de seu eixo a uma
velocidade de 30 vezes por segundo, diminuindo gradativamente esta velocidade
em razão da interação magnética com a nebulosa. A energia liberada, à medida
que o pulsar desacelera, é enorme e cria uma região incomumente dinâmica no
centro da Nebulosa do Caranguejo. Enquanto a maior parte dos objetos
astronômicos evoluem tão lentamente que mudanças somente são visíveis em
escalas de tempo de muitos anos, as partes internas da nebulosa do Caranguejo
mostram mudanças em escalas de tempo de apenas alguns dias.
FIGURA 16 – A Nebulosa do Caranguejo – M1 ou NGC 1952.
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Endereços
Eletrônicos Consultados
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